De cada nível da coluna vertebral saem terminações nervosas para todos os tecidos do corpo (pele, músculos, órgãos internos, vasos e ossos) fazendo que exista entre eles uma rede neural de interconexão. Desta maneira, se um desses tecidos está em desequilíbrio, todos os demais serão também afetados e, dessa forma, um tecido visceral pode gerar alterações em músculos e regiões da pele desde que sejam inervados pelos mesmos segmentos vertebrais. Assim, o local de manifestação da dor se refere a região da coluna (nível vertebral) de onde se origina a inervação da víscera.
Esse tipo de dor não é bem localizada porque a inervação das vísceras é multisegmentar, envolvendo até oito segmentos da coluna.
Além das dores referidas de origem visceral, outra fonte comum de estímulos dolorosos provém das aderências miofasciais. Endometriose, cirurgias abdominais (histerectomia, cesarianas, abdominoplastia, apendicectomia) ou mesmo acidentes com cortes podem, através do processo de cicatrização deixar aderências superficiais ou profundas nessas “membranas” (as fáscias) que revestem os orgãos internos, delimitam todo conteúdo abdominal e se inserem também na coluna. Qualquer tensão numa determinada direção da fáscia, vai, através cadeias, afetar mecanicamente a coluna e isso pode trazer desde limitações de movimento do tronco e membros até quadros dolorosos.
Em todo caso, é importante frente a dores crônicas ou agudas no abdome e nas costas descartar a possibilidade de doenças sistêmicas através de avaliação médica. Feito isso, as técnicas de manipulação visceral da terapia manual têm bom efeito na liberação dos espasmos da musculatura lisa e nas aderências viscerais sendo um ótimo recurso para tratamento de dores pélvicas e referidas na coluna vertebral.
Dra. Laureani J. Torres
Fisioterapeuta CREFITO – 5163LTT-F